Paim diz acreditar em conciliação para evitar demissões na GM

Ao final de debate nesta terça-feira (16) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), o senador Paulo Paim (PT-RS) se disse convencido de que serão evitadas as demissões anunciadas pela montadora da General Motors (GM) em São José dos Campos (SP).

Na avaliação do senador, o debate, que reuniu sindicalistas e representantes de montadoras, mostrou que há disposição para conciliação e manutenção dos empregos.

– Saio convencido de que não ocorrerão as 1.600 demissões – disse, referindo-se ao anúncio de corte de trabalhadores feito em julho pela GM e da decisão da montadora de transferir para a Argentina a produção de modelo fabricado na cidade paulista.

De acordo com Antonio Ferreira de Barros, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, a montadora seria uma das mais lucrativas em operação. Conforme informou, o sindicato fechou acordo para prorrogar até janeiro o período de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) que terminaria em 30 de novembro.

Até lá, disse, os trabalhadores esperam chegar a acordo para reverter a situação e manter as atividades daquela planta industrial.

De acordo com Luiz Moan, diretor da General Motors do Brasil, há excedente de pessoal São José dos Campos, uma das oito fábricas da GM na região.

– Não reduziríamos a produção num complexo industrial formado por oito fábricas se não tivéssemos um problema maior de sobrevivência. Será um processo de realocação de investimentos, para garantir produção e empregos no futuro – disse.

Já o representante da central sindical CSP-Conlutas, José Maria de Almeida, afirmou que a empresa tem se recusado a discutir propostas de novos projetos para a unidade de São José dos Campos, preferindo demitir trabalhadores e trazer os carros fabricados na Argentina.

– A GM está aumentando suas vendas e também está aumentando sua participação no mercado. Por que quer demitir? Porque quer reduzir os custos que tem com os operários de São José dos Campos, quer colocar outra grade de salário para poder contratar gente ganhando menos e demitir os que estão lá hoje. A GM está ameaçando demitir por ganância – afirmou.

Em resposta, Luiz Moan negou que a montadora seja movida por ganância e reafirmou a responsabilidade social da empresa.

– Temos uma responsabilidade enorme, pois são 7.500 empregados e não apenas 1600 [da unidade de São José dos Campos], são oito plantas e não apenas uma – disse, referindo-se ao conjunto de unidades da GM na região.

Ao comentar o acordo que prorrogou o período de layoff, Mauro Rodrigues de Souza, representante Ministério do Trabalho e Emprego, defendeu investimentos na qualificação dos trabalhadores envolvidos.

– O mínimo que se pode oferecer ao trabalhador ameaçado de demissão é que se mantenha qualificado. Esperamos que [a prorrogação] permita oxigenar o setor laboral, para que encontremos saída para não comprometer a capacidade produtiva de região – disse.

No mesmo sentido, Antonio Ferreira de Barros disse esperar que o acordo não signifique o adiamento das demissões para janeiro de 2013.

– Vamos negociar, vamos buscar uma saída em conjunto, que não seja a demissão, que não seja fechar o setor, que garanta os investimentos na fábrica – frisou. A mesma disposição pelo entendimento foi manifestada pelo representante da GM, motivando manifestação de otimismo de Paulo Paim.

– Acredito na força do diálogo que vi aqui expressa na manifestação de empresário e de trabalhador – finalizou o senador.