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26 de Abril de 2024

Senado aprova propostas que visam tirar estados da crise financeira

Publicado por Senado
há 7 anos

A renegociação das dívidas dos estados e a autorização para uso dos depósitos judiciais e administrativos por esses entes federativos estão entre várias medidas aprovadas no Senado em 2016 para o enfrentamento da crise financeira.

A autorização para a assinatura de aditivos contratuais, que prevê reduções escalonadas das parcelas mensais devidas à União, que variam de 94,73% em janeiro de 2017 até 5,26% em junho de 2018, só depende agora de sanção presidencial.

A medida está prevista no Projeto de Lei da Câmara 54/2016-Complementar, de iniciativa do Executivo, que suspende o pagamento das parcelas devidas de julho a dezembro de 2016. A proposta estende por mais 20 anos o prazo para o pagamento dessas dívidas. Somados os prazos remanescentes, os estados terão até 50 anos para quitá-las.

A autorização para o uso de depósitos judiciais e administrativos para pagamento de precatórios consta da Emenda Constitucional 94, promulgada em 15 de dezembro. Do total dos depósitos, 75% poderão ser imediatamente direcionados à quitação dos precatórios, mesmo que os recursos se refiram a autarquias, fundações e empresas estatais dependentes.

Quanto aos depósitos judiciais relativos a causas entre particulares, os governos poderão utilizar até 20% dos recursos em juízo, exceto os de natureza alimentícia. Para usar esse dinheiro, os governos terão de criar um fundo garantidor composto pelos outros 80% dos depósitos.

A emenda tem como origem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 159/2015, do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). A nova norma ajusta o regime de pagamento de precatórios à decisao de 2013 do Supremo Tribunal Federal (STF) que declarou a inconstitucionalidade de parte da Emenda Constitucional 62, de 2009. Essa emenda previa prazo de 15 anos para os pagamentos.

Desvinculação

Outra proposta aprovada em 2016 com o objetivo de ajudar estados e municípios a enfrentar a crise financeira resultou na Emenda Constitucional 93, que permite à União o uso mais flexível de 30% de todos os impostos e contribuições sociais. Pela primeira vez, a medida foi estendida aos estados e municípios.

A emenda resulta da PEC 31/2016, de autoria do deputado André Figueiredo (PDT-CE), promulgada em 8 de setembro de 2016. Com ela, foi instituída a Desvinculação de Receitas dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios (DREM), que permite a utilização livre de 30% das receitas relativas a impostos, taxas e multas, não sendo aplicada às receitas destinadas à saúde e à educação.

Repatriação

Uma medida que poderá ajudar o caixa de estados e municípios é a reabertura do prazo para adesão ao regime especial de repatriação de recursos do exterior, que consta do PLS 405/2016, aprovado em 24 de novembro de 2016. De iniciativa da Comissão Diretora do Senado, o texto está na Câmara dos Deputados, onde tramita como PL 6568/2016.

Por meio desse regime especial, o contribuinte poderá promover a regularização de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados incorretamente e mantidos no exterior.

Nesse caso, a alíquota do Imposto de Renda deverá ser de 17,5%. Como a multa corresponde a 100% do valor do imposto devido, o percentual total a ser pago pelo declarante que aderir ao programa durante o novo prazo será de 35%. Do valor arrecadado com a multa, o governo vai repassar 46% aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios.

Gasto com pessoal

Outro projeto em benefício de estados e municípios é o PLS 15/2016, que exclui do cômputo da receita corrente líquida (RCL) os recursos recebidos da União para atendimento das despesas com pessoal de programas sociais. O objetivo é evitar que os municípios e estados descumpram o limite para as despesas com pessoal. Quando essa situação ocorre, esses entes ficam impedidos de receber transferências voluntárias voltadas à execução de investimentos, bem como de contratar operações de crédito.

O projeto, do senador Otto Alencar (PSD-BA), foi aprovado em 6 de dezembro pela Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional e está aguardando inclusão na pauta do Plenário. O PLS 15/2016 modifica a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF — Lei 101/2000).

Encargos

Proposta de grande repercussão no pacto federativo foi aprovada pelo Senado em 23 de fevereiro. Trata-se da PEC 128/2015, do deputado licenciado Mendonça Filho, que proíbe a União de impor ou transferir qualquer encargo ou prestação de serviços aos estados, ao Distrito Federal ou aos municípios sem a previsão de repasses financeiros necessários ao seu custeio.

Aprovada pelo Plenário, a PEC retornou à Câmara dos Deputados, onde tramita como PEC 188/2016. O texto aprovado pelo Senado exclui da vedação as obrigações assumidas espontaneamente pelos entes federados e aquelas decorrentes da fixação do salário mínimo.

Securitização

Para 2017, está prevista a votação de outras propostas que poderão impactar as finanças de estados e municípios. Uma delas deverá ser o projeto que permite à administração pública "vender" para o setor privado os direitos sobre créditos tributários e não tributários (PLS 204/2016).

O PLS 204 foi retirado da pauta em dezembro e será apreciado em outra oportunidade, ainda sem data definida. Como falta apenas a decisão final do Senado, o projeto não será mais discutido e, quando voltar à ordem do dia do Plenário, deverá ser imediatamente votado.

A proposta visa prestar um reforço emergencial para os caixas da União, dos estados e dos municípios, ao permitir que os entes da federação obtenham receita imediata em troca da cessão dos créditos parcelados para compradores privados.

Compensação

Também poderá entrar em pauta, em 2017, o PLC 315/2009, que altera a distribuição da compensação financeira pela utilização de recursos hídricos entre União, estados e municípios. A proposta recebeu parecer favorável do relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

O PLC 315/2009 reduz o percentual de repasse para os estados — de 45% para 25% — e o transfere para os municípios, que passarão de 45% para 65%. Ferraço observa que a compensação é repassada mensalmente a 21 estados e ao Distrito Federal e a cerca de 700 municípios. Em 2013, cerca de R$ 1,27 bilhão foram transferidos a estados e municípios.

A proposta já foi aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e Ferraço endossou os argumentos apresentados a seu favor. Assim, concordou com o reforço aos cofres municipais, "que sofrem mais de perto os impactos sociais e econômicos da construção de hidrelétricas e seus reservatórios".

Vinculação entre remunerações

Em fevereiro de 2017, o Plenário do Senado retomará a discussão da PEC 62/2015, que acaba com a vinculação automática entre remunerações recebidas por agentes públicos, como parlamentares e ministros dos tribunais superiores.

De autoria da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), a PEC tem repercussão no pacto federativo, pois impede o chamado efeito cascata nos reajustes dos subsídios sobre outras categorias do serviço público, especialmente nos estados e municípios.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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Coisa interessantíssima se todos pagamentos começassem por quem ganha menos... exemplo, começaria pelos garis, ajudantes de secretarias das escolas, professor, policiais, auxiliar judiciários etc etc... até chegar na classe topo,.... prefeito, secretários, governadores, juízes, etc etc. Nada mais justo... quem ganha menos não tem condições de se manter uma instabilidade econômica como estamos passando... juízes, prefeitos, tem salário maior e condições administrativas de se manter. continuar lendo